segunda-feira, 21 de junho de 2010

O MODELO BIOPSICOSSOCIAL

Professor Luis Fernando Moreira

Equipe de voluntarios da O'SURFE, da esquerda para a direita: Gabriel Ferrao (preparacao fisica), Lelot, o treinador Eduardo Silva, o professor Luis Fernando, Viviane Gianini, nossa consultora de marketing, ao lado de Patricia Lelot, da Longboarder Angela Bauer, agora gerente de meio ambiente da OSURFE, e das assistentes sociais Lina Raquel Marinho, Daniela e Janaina.

A psicologia do esporte ainda é um tema pouco difundido no Brasil, disciplina imprescindível em se tratando de alto rendimento esportivo. Sabe-se que o preparo psicológico de um determinado atleta é semelhante ao desenvolvimento da sua habilidade e que, neste sentido, talento apenas não é suficiente para enfrentar às pressões na busca por resultados.

Com essa preocupação a Organização Surfe do Brasil convidou o professor Luiz Fernando Moreira, clínico psicoterapeuta da Secretaria de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro, para debater o tema com o quadro de voluntários da ONG. O encontro aconteceu nesta última quarta, 9 de junho, na sede da O’Surfe, no Recreio dos Bandeirantes.

O professor Luiz Fernando abordou o modelo Biopsicossocial, com base na psicologia experimental para ser aplicado em crianças e adolescentes, fase em que os pequeninos estão começando a despertar para a responsabilidade de ser um atleta de ponta. De acordo com o professor, este modelo consiste em observar o comportamento de cada atleta no âmbito das sensações e percepções.

“Um bom exemplo a ser aplicado no surfe pode ser demonstrado na remada, momento em que o surfista concentra sua energia para alcançar o horizonte. Isso faz com que ele saia do campo da limitação para fazê-lo refletir aonde deseja chegar. A partir deste ponto ele passará a traçar objetivos, metas. Além de firmar um crescimento como pessoa”, explicou Luiz Fernando, 20 anos de profissão e 10 como psicólogo sócio-educacional.

Segundo ele, esta abordagem gera uma reflexão, principalmente por existir uma pressão social, uma cobrança do grupo de convivência deste atleta que está despertando para a vida. “Este contexto trabalha a noção de futuro, de responsabilidade, de como planejar a vida. Mas os resultados não serão alcançados se não houver uma cumplicidade entre profissional e aluno, o que facilita e muito o processo de entendimento”, lembrou o professor.

Neste caso, como explicou Luiz Fernando, trabalhar a frustração é fundamental para que o profissional não permita que o atleta desista de tais objetivos. Este esquema trabalha as sensações, ou seja, como ele está sentindo o próprio corpo e como gerou tal percepção.

A percepção traz à tona emoções como raiva, angústia, medo o que, posteriormente, vão produzir pensamentos e tudo o que foi entendido atravessa este estágio. Após este processo, ele passa então a ter consciência do que está acontecendo, do que está errado. “A mudança é o último estado e, para alcançar uma mudança tem que trilhar todo esse caminho que é a base da reflexão. Ter um entendimento disso é entender como lidar com cada um deles”, explicou.

Este é um processo de construção ao longo do tempo, com a convivência, não se restringindo a um momento. Portanto, cumplicidade é um fator determinante, segundo o professor, é um olhar confortável e que funciona. “As coisas passam a ter uma dinâmica muito melhor, a cumplicidade promove esse olhar privilegiado. É importante trabalhar as expectativas desde cedo, o talento é fundamental para pegar onda, mas para ser um profissional de surfe ele deve ter motivação interna, além de disciplina, compromisso e foco”, concluiu Luiz Fernando.

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